01/12/06

"Os suspeitos do costume" Crónica d'O Jogo de Jorge Maia

Afinal, os árbitros do Porto podem apitar os clássicos do futebol português. Durante algum tempo, fiquei com a impressão que a única regra válida, a única capaz de exorcisar o fantasma da suspeição que sempre assombra estes jogos - e os outros, já agora - fosse a insuspeita escolha de árbitros de Lisboa ou de lisboetas inocentemente incritos nos arredores da capital, mas estava distraído. A recente escolha de Jorge Sousa para o jogo de hoje em Alvalade esclareceu-me de definitivamente. Afinal, os árbitros internacionais do Porto também podem apitar clássicos, desde que, como é evidente, sejam clássicos disputados entre os dois grandes de Lisboa. Pelos vistos, não podem é apitar clássicos envolvendo o FC Porto. Faz sentido. A proximidade geográfica entre um árbitro e uma equipa da sua cidade serviria de multiplicador em relação a qualquer erro que, eventualmente, cometesse, aumentando a pressão e o clima de suspeição sobre o seu trabalho. Curiosamente, a regra não vale para os árbitros de Lisboa. Feitos de uma fibra moral diferente, com uma capacidade impar de resistência às pressões externas e acima de qualquer suspeita, os árbitros de Lisboa podem perfeitamente apitar clássicos entre o FC Porto e os seus rivais da capital. Duarte Gomes ou Pedro Proença são escolhas regulares para os Sporting-FC Porto ou FC Porto-Benfica do nosso calendário e, quando estes não estão disponíveis, a opção é quase sempre a mesma: Lucílio Baptista, um alfacinha de gema que teve o discernimento de apanhar um cacilheiro para ir a Setúbal increver-se, não fosse o critério geográfico meter-se no caminho de uma carreira recheada de clássicos que os portistas não esquecem.
RESSUSCITADOS
O Boavista vai estar estabilizado é uma equipa que vai renascer a qualquer momento porque tem qualidade, um bom treinador e uma história
Jesualdo Ferreira, treinador do FC Porto

Sem comentários: