28/11/09

"Uns e outros" - Crónica d'O Jogo de Hugo Sousa

No ano passado, mais ou menos por esta altura, e antes de um jogo europeu, Jesualdo Ferreira foi confrontado com uma evidência da ocasião: o rendimento de Lucho estava longe de dar nas vistas. Explicou Jesualdo, e o tempo veio a dar-lhe razão, que há posições específicas (ou jogadores específicos) em que é preciso ver a coisa com outros olhos. Ou abrir-los noutro sentido, se preferirmos. Aliás, muitos portistas não desdenhariam ter esse "mau" Lucho agora. Adiante. Já este ano, tem sido evidente para todos que Raul Meireles, por exemplo, não anda - ou não andava? - bem e isso nunca lhe beliscou a titularidade. Lá está, posições e jogadores específicos. Nada contra. Contudo, considerando que o rendimento abaixo do esperado atirou Hulk para o banco, não deixa de ser curioso sublinhar a diferença. Não digo diferença de tratamento, ainda que a ideia possa passar pela cabeça de alguns jogadores, mas diferença na avaliação às alternativas do plantel e/ou ao peso de algumas peças no onze. No fundo, isto tudo para dizer uma coisa muito simples: tem sido mais fácil dar lições a uns do que a outros (ou, para não ferir susceptibilidades, tem sido mais fácil prescindir de uns do que de outros...).

27/11/09

"O mágico Deco" - Crónica d'O Jogo de Jorge Maia

Há cerca de seis anos, fui cobrir um treino de manhã cedo ao Olival. O FC Porto tinha ganho a Taça UEFA há um par de semanas e faltava ainda disputar a Taça de Portugal, mas, como sempre acontece quando a época começa a chegar ao fim, falava-se no interesse de alguns tubarões europeus nos melhores jogadores do plantel portista. Deco era o mais pretendido e os destinos multiplicavam-se nas primeiras páginas dos jornais como se fossem a montra de uma agência de viagens. Nesse dia de manhã, no caminho para o centro de treinos, mesmo antes de virar para o complexo, alguém tinha escrito num muro impossível de ignorar: "Se venderem o Deco, vendem-nos os sonhos". O FC Porto não vendeu Deco nesse ano e no seguinte cumpriu o sonho de voltar a ganhar a Taça dos Clubes Campeões Europeus. Ontem, o Dragão levantou-se para aplaudir o Mágico. Não tenho a certeza, mas acho que lhe chamam assim por conseguir transformar os sonhos em realidade.

24/11/09

"Lapidação" - Crónica d'O Jogo de Jorge Maia

Lapidação. A palavra tem mais do que um sentido. Pode lapidar-se um diamante, polindo-o, reduzindo-lhe as imperfeições e aumentando-lhe o brilho. E podem lapidar-se pessoas, apedrejando-as, numa das mais violentas formas de execução conhecidas. Nos últimos tempos, temos tido vários exemplos de lapidações. No final da última temporada, talvez por se ter falado da existência de alguns diamantes em bruto nas duas equipas, houve quem tentasse lapidar a final do campeonato de juniores entre o Benfica e o Sporting. No domingo, lapidaram o autocarro do Guimarães quando este regressava do jogo na Luz. Diz-se que acertaram em cheio na cabeça do D. Afonso Henriques, mas, felizmente, Sua Majestade foi a única vítima do incidente. Mais um. Provavelmente não será o último. Nesta coisa das lapidações, toda a gente tem telhados de vidro, mas nem por isso deixa de atirar pedras ao vizinho. Entretanto, o FC Porto parece ter descoberto um diamante em Sérgio Oliveira. Agora é só uma questão de lapidá-lo.