30/06/07

"Super Helton" Crónica d'O Jogo de Alcides Freire

Quando Helton se estreou pela selecção principal, o Brasil do futebol torceu o nariz. Um guarda-redes do campeonato português? A simpatia foi-se mantendo porque, numa primeira fase, o guarda-redes portista era suplente de Gomes. Nessa fase, quando não se sabia se Dunga manteria a aposta, os jornalistas brasileiros duvidavam do que não conheciam. A qualquer pergunta sobre Helton respondiam "Rogério Ceni e Fábio Costa". Dunga não abalou nas convicções, enganando meio Mundo, pelo menos boa parte daquele que fala português. Testou, testou e fez ainda mais testes com Helton na baliza durante os jogos de maior grau de dificuldade, como os dois no Estádio de Wembley diante de Portugal e Inglaterra. Perante tantos exemplos, o natural é que Helton fosse titular na Copa América. Mas, surpresa, Dunga é bem capaz de surpreender para além do duvidoso gosto revelado nas camisas. Doni foi titular e o guarda-redes do FC Porto ganhou o direito à indignação. Indignou-se? Não. Manteve o profissionalismo, não veio queixar-se das opções e nem sequer aproveitou entrevistas para responder com indirectas a perguntas directas. Podia até recordar que Doni foi mal batido nos dois golos mexicanos e acrescentar, com ironia, que o site da CBF o anunciara como titular momentos antes do México-Brasil. A verdade é que optou por ser como Vítor Baía - aceitando a decisão de quem é pago para decidir - quando foi ultrapassado por Helton na baliza do FC Porto. Mesmo no banco, Helton fez uma defesa sensacional.
Diferente entre iguais
Sei que isso representa uma responsabilidade extra, até por tudo aquilo que o Anderson conseguiu fazer na selecção e no FC Porto.
Leandro Lima sobre as inevitáveis comparações com Anderson

29/06/07

"Vantagem" Crónica d'O Jogo de Alcides Freire

Nem um bilhete para o FC Porto-Manchester United é capaz de me convencer do contrário. Tenho, por estes dias, a firme convicção de que os portistas estão a perder no campeonato das contratações. Desde o tempo de Santana Lopes no Sporting que a pré-temporada passou também a ser um campeonato. Mesmo aplicando a lei da vantagem, a dada a um FC Porto bicampeão que perdeu até ao momento dois jogadores que pouco contribuíram para essas vitórias - no caso de Anderson para desgraça do bom futebol - , não mudo uma vírgula à convicção. Apesar dessa certeza pouco científica, tenho razões históricas para estar convencido de que algumas jornadas do próximo campeonato tornarão o FC Porto na equipa mais equilibrada e que a paragem de Natal é bem capaz de lhe atribuir a obrigação de ser campeão. Até porque por esses dias todos concordarão que o melhor e mais caro plantel não pode ficar em segundo lugar. Mas, se me prometerem um bilhete para um jogo grande da próxima Liga dos Campeões sou até capaz de achar que o FC Porto nem sequer precisa de reforços, porque pode sempre contar com os jogos do Benfica na Choupana. Lá, talvez por causa das viagens de avião, a lei da vantagem tem uma essa desvantagem de não interromper um lance de ataque do Nacional mesmo quando um dos seus jogadores sofre falta perto da área adversária. Se esse lance acabar em golo, já se sabe, é bem capaz de ir parar a um processo do Ministério Público. E se um canto for transformado em pontapé de baliza é certo que se forme uma equipa especial, género concentração de "McGyver" de fato e gravata, do Ministério Público.
NÃO É COMO PEPE: Mantorras?
A ida de Mantorras do Alverca para o Benfica pode esperar. A transferência de Pepe para o FC Porto já se tornou num caso de polícia. Nunca, como agora, parece correcta a imagem da Justiça de olhos vendados e segurando a balança.

28/06/07

"Toscos" Crónica d'O Jogo de Alcides Freire

É possível imaginar um FC Porto que olhará de cima para baixo sem parecer altivo para os adversários. Uma equipa com um meio-campo formado por um trio de altos, em que apenas um é loiro e no qual não haverá lugar para toscos. Um FC Porto assim vive ainda no campo das hipóteses. A ser verdade que hoje em dia poucos treinadores escolhem os jogadores, parece óbvio que Jesualdo Ferreira não foi de férias sem deixar um desenho-robot do jogador que cabia na definição de "alto e robusto". Bolatti, que parece que acabará mesmo no FC Porto, mede 1,89 metros e passará a ser o concorrente directo de Paulo Assunção, o trinco de duas épocas de sucesso mas que mede "apenas" 1,77. Adriaanse, que descobriu no brasileiro a divina qualidade de conseguir estar em muitos lugares quase ao mesmo tempo, achava que com mais centímetros Assunção já teria passado à condição de ex-portista. Lucho, que foi sempre o médio mais alto do FC Porto bicampeão, deixará de ser a torre desse meio-campo hipotético, até porque Kazmierczak mede para além do 1,90. Sem tantos centímetros, os portistas evoluíram na Liga dos Campeões, mas terão ficado com a sensação que faltaram centímetros para que a progressão fosse maior. O embate com o Chelsea de Mourinho foi como "tempo de antena" do futebol dos jogadores robustos e altos. Há, todavia, o risco da associação de palavras estar correcta, porque é verdade que durante anos houve uma parte da Europa que encheu estádios com altos, loiros e toscos. E para um FC Porto que assenta o seu método de jogo nas transições rápidas, convém que se mantenha o jeito e a velocidade. O tamanho não é, definitivamente, tudo. Mas pode ser decisivo.
De férias em Barcelona: Quaresma voltou?
Quaresma no mesmo hotel em que Jorge Mendes se reuniu com o director-desportivo do Barcelona? É verdade e dezenas de jornalistas presenciaram isso mesmo quando se depararam com o português a deixar a unidade hoteleira. Regresso? Difícil, até porque Rijkaard continua no Barça. Mas, pelo menos foi notícia.

25/06/07

"O ataque dos arranha-céus" Crónica d'O Jogo de José Manuel Ribeiro

Embora me arrepie com a caça que todas as épocas fazemos ao campeão do defeso, pelo menos enquanto não nos guiarmos por dados mensuráveis – os jogadores que melhor se bronzearem, por exemplo -, desta vez também me concedo uma certeza absoluta a respeito do próximo campeonato: vai ser comprido. Comprido não no sentido da duração psicológica, apesar dos momentos que há-de haver em que toda a gente andará farta do ponto a que chegam remoques como os de anteontem entre Pinto da Costa e Vieira, mas comprido do género que se mede com uma régua. E até avanço uma medida: um metro e noventa. Cardozo e Kazmierczak partilham essa casa, para além da última letra do abecedário, e há Bolatti, cujas reputadas qualidades de cabeceador sugerem compensar o centímetro que falta. Metido Luisão ao barulho, na presunção de que toda a gente concorda que ele sozinho tem dado o monopólio do tamanho ao Benfica, dispomos do necessário para um novo jogo de tabuleiro. O ataque dos arranha-céus. Desde os tempos dos italianos Del Neri e Trapattoni, seguidos dos holandeses Adriaanse e Koeman, que não é seguro pôr as mãos no fogo nessa matéria, mas pode nem ser de propósito. Calharam de seguir na mesma direcção: para cima. Não sendo um futebol a que estejamos habituados, quando apareceu por aqui funcionou sempre e o último exemplo foi o de Jardel no Sporting, coincidentemente o único dos três grandes que ainda se resigna a ficar perto do chão. Opção que, soando a desvantagem, terá pelo menos a virtude de obrigar FC Porto e Benfica a fechar as pernas.
Estatura - A deficiência óbvia
No FC Porto, palavras de Jesualdo, a altura dos reforços tem a ver com o complexo ganho na Liga dos Campeões, onde é indiscutível que, se não o tamanho, pelo menos o peso fez falta nas duas últimas épocas. Terá os seus custos, as escolhas podem ser debatidas, mas não há por onde atacar a opção: se havia deficiência diagnosticável a olho nu no FC Porto, era essa.