19/11/09

"Quente, frio ou descalço: o pé está lá" - Crónica d'O Jogo de Hugo Sousa

Depois de tanto debatermos a temperatura dos pés de Carlos Queiroz - pé frio durante meses e pé quente na parte final, considerando o alinhamento dos astros para uma combinação quase improvável de resultados que nos devolveu à rota do Mundial, via play-off - podemos respirar de alívio e deixar os calmantes na gaveta. Por enquanto. Mas, ou esta Selecção, que foi pouco convincente na fase de apuramento, atina ou, mais do que pé quente ou frio, estaremos condenados ao papel de pé descalço na África do Sul. E seria uma pena. Há dias, passei os olhos por uma declaração de Terry Butcher, ex-capitão da selecção inglesa, e sabia que, algum dia, ser-me-ia útil citá-la. É hoje. "Fora do relvado, sempre fui um tipo vulgar, de modos suaves. Mas quando vestia o equipamento de futebol, era como se fosse um capacete de aço e uma baioneta. Morte ou glória", disse, e nem devia estar a exagerar. Convém que os jogadores portugueses não se inspirem no contrário: usar capacete e baioneta para responder às críticas com birras, apostando na suavidade... dentro de campo. Para já, siga a festa.

18/11/09

"Porta aberta" - Crónica d'O Jogo de Hugo Sousa

Omã serviu apenas para o Brasil desenferrujar, devagarinho. Neste contexto de desinteresse natural, num amigável que não contava para nada, seria sempre difícil a Hulk ganhar grande protagonismo, sobretudo tendo sido lançado na parte do jogo em que Dunga apostou nos estreantes. Estes, evidentemente, tinham mais o que fazer do que apontar holofotes a outros quando eles próprios não têm lugar garantido. É a lei da sobrevivência numa selva de opções que o Brasil cultiva em cada esquina. Aparentemente, Hulk percebeu esse jogo do cada um por si, e até esteve perto de o ganhar quando apostou naquilo que vai irritando muita gente por cá: disparou sozinho para a baliza como uma flecha. Não deu golo, e isso é capaz de dar argumentos aos tais que se irritam, mas percebeu-se que Dunga gostou; também não chegou para manchestes no Brasil, mas garantiu-lhe, pelo menos, umas linhas em nome próprio. Agora que o mais difícil está feito, que abriu a primeira porta, cabe-lhe continuar a forçar a entrada com um rendimento que não passe despercebido no FC Porto, já com uma atenção diferente do outro lado do Atlântico. Talvez Kaká lhe possa servir de inspiração: ontem, o médio lembrou que só entrou nos planos de Scolari, no Mundial de 2002, por causa de seis meses de rendimento fantástico antes das escolhas. Não dava para ignorar.

17/11/09

"Tem a palavra" - Crónica d'O Jogo de Hugo Sousa

Era previsível: à falta de jogos, por causa da paragem ditada pelas selecções, as críticas espremidas depois da exibição do FC Porto na Madeira acabaram por se esticar no prazo de validade. Entre análises, opiniões e até notícias, estes têm sido dias cheios. Tão cheios que, noutros tempos não muito distantes, chegavam e sobravam para forrar as paredes do balneário portista, espicaçando uma reacção convincente. Posso estar enganado, mas aposto algumas fichas na próxima conferência de Jesualdo Ferreira. Adiante. Não deixa de ser curioso, pelo menos para mim, recordar e assinalar este lado estratégico da comunicação, sublinhando a palavra, ou a habilidade de comunicar, no mínimo, como arma privilegiada. Aliás, neste contexto, tem sido uma delícia mastigar o discurso do seleccionador bósnio, Miroslav Blazevic, no incansável exercício de desmoralizar o adversário. As palavras não matam, mas moem. Acredita ele, e eu também.

Sapunaru castigado


Sapunaru foi ontem castigado pela Federação da Roménia com dois jogos de suspensão e uma multa de mil euros. O castigo surge na sequência dos incidentes que envolveram o defesa do FC Porto na viagem entre Varsóvia e Bucareste, depois de um amigável com a Polónia no fim-de-semana, na qual, alegadamente, terá consumido álcool, envolvendo-se, depois, em discussões com um jornalista e com um elemento da equipa técnica romena. Tendo por base o regulamento disciplinar, a federação romena não demorou a reagir, castigando o jogador e, por consequência, dando como provados os factos ocorridos.

Fonte: O Jogo