18/10/07

"ACAANFI" Crónica d'O Jogo de José Manuel Ribeiro

A mística é uma "atitude colectiva afectivamente assente numa fé irracional". Algo muito útil em jogadores de futebol e talibãs, com certeza, mas observem o colega que está no cubículo ao lado a brincar com o corta-papéis. Gostariam, a sério, que ele tivesse uma "atitude colectiva, afectivamente assente numa fé irracional (ACAANFI)"? Imaginem os operadores de caixa do Continente investidos de ACAANFI a racionar-nos os sacos de plástico.
Por outro lado, talvez seja desejável em carteiros, bombeiros e enfermeiros. Dependendo do que for a mística, evidentemente. Falta esse pormenor: "Atitude colectiva afectivamente assente numa fé irracional numa pessoa ou doutrina". A directora da DREN que suspendeu o Fernando Charrua por adjectivar o primeiro-ministro apresentava sintomas de ACAANFI avançada, por exemplo. E, na visita profiláctica ao sindicato de professores antes da visita de José Sócrates à Covilhã, a polícia também deu ideia de estar arrebatada por um furor do género. Mas, em princípio, nada que exija irracionalidade, nem que seja na fé, joga bem com o profissionalismo.
Dos profissionais, espera-se o oposto. É por isso que pedir mística, quando há muito os objectivos dos clubes e dos futebolistas deixaram de ser os mesmos, já não é tão simples. Pelo menos enquanto não se mudar a definição no dicionário para "atitude colectiva, afectivamente assente numa fé irracional numa pessoa, numa doutrina ou na hipótese de um dia virem a jogar no Real Madrid".
EQUIPA DIFERENTE - O mesmo Quaresma
Uma das inquietações que os portistas podem sempre ter, sobretudo se andarem à procura delas, é o peso de Quaresma no ataque da equipa, por se adivinhar que, mais tarde ou mais cedo, sairá. A boa notícia vinda da Selecção, de onde até nem é costume chegarem, é que o "problema" parece mais relacionado com Quaresma do que com a equipa.