04/09/08

"Crónica acidental de uma violação involuntária" - Crónica d'O Jogo de Jorge Maia

Se tivesse ganho um euro de cada vez que ouvi alguém dizer que cometeu uma violação involuntária, podia ir tratando de meter os papéis da reforma. Quase toda a gente que viola garante que viola involuntariamente. "Foi sem querer", garantem. "Ia pela rua, tropecei e, quando dei por mim, já estava a violar", asseguram. Em Portugal, viola-se quase tudo, desde o mais obscuro regulamento interno de uma pequena ou média empresa até à própria Constituição, e sempre, invariavelmente, de forma involuntária. Como não sou jurista, não faço ideia da importância que o factor intenção pode ter no julgamento de uma violação, mas admito que seja relevante. Se alguém viola, convém que viole voluntariamente. Violar involuntariamente é quase uma dupla violação. Ficam violados o violado e o violador, que viola sem vontade, de nariz torcido, como quem queria estar noutro lugar a outra hora e se vê na contingência de violar sem querer, acidentalmente, por ter escorregado numa casca de banana. E é por isso que, se Luís Filipe Vieira violou involuntariamente o castigo da Liga, então talvez já tenha sofrido o suficiente.

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