Se tivesse ganho um euro de cada vez que ouvi alguém dizer que cometeu uma violação involuntária, podia ir tratando de meter os papéis da reforma. Quase toda a gente que viola garante que viola involuntariamente. "Foi sem querer", garantem. "Ia pela rua, tropecei e, quando dei por mim, já estava a violar", asseguram. Em Portugal, viola-se quase tudo, desde o mais obscuro regulamento interno de uma pequena ou média empresa até à própria Constituição, e sempre, invariavelmente, de forma involuntária. Como não sou jurista, não faço ideia da importância que o factor intenção pode ter no julgamento de uma violação, mas admito que seja relevante. Se alguém viola, convém que viole voluntariamente. Violar involuntariamente é quase uma dupla violação. Ficam violados o violado e o violador, que viola sem vontade, de nariz torcido, como quem queria estar noutro lugar a outra hora e se vê na contingência de violar sem querer, acidentalmente, por ter escorregado numa casca de banana. E é por isso que, se Luís Filipe Vieira violou involuntariamente o castigo da Liga, então talvez já tenha sofrido o suficiente.
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