13/11/06

"Reputar por aí" Crónica d'O Jogo de José Manuel Ribeiro

O caso Katsouranis, hoje despertado de um sono leve por Bruno Alves, é uma fatalidade a que talvez seja bom habituarmo-nos. Também na guerra das reputações quem lá vai tanto dá como leva e a de Katsouranis, à partida, não pode ser menos susceptível do que a de Carlos Xistra. São ambos vítimas, mas em graus diferentes. O grego levou com os fundamentos de três lesões de jogadores do FC Porto contra o mesmo adversário em dois anos; o árbitro não consumiu fundamentos sequer, porque não há registos de clássicos, nas últimas seis ou sete épocas pelo menos, em que tenham faltado futebolistas do Benfica por castigo. O espectro evocado por Fernando Santos quando disse que previra uma expulsão no jogo anterior ao clássico é inexplicável, quanto mais não seja porque dias depois ele estava a reafirmar a amizade que mantém com Pinto da Costa, a quem a profecia atingira em cheio. Uma deslealdade? Não forçosamente. O episódio demonstra apenas que no futebol se criou uma divisão fantasiosa entre o profissional e o pessoal, cujos efeitos práticos são uma leviandade e uma demagogia que os intérpretes imaginam sanáveis com uma palmada nas costas quando encontrarem o alvo do ultraje na gala da Liga, devidamente açaimado pelo “smocking” e pela taça de champanhe. Como efeito perverso ficamos todos embriagados pela sucessão de imprudências, logo insensíveis às seguintes, mesmo que elas ultrapassem limites até então nunca experimentados. É por isso, e também por sermos tão (e apenas) clubistas, que nos escapa a leveza com que o presidente da Federação se atasca ao Mundial’2018 e que ao seleccionador é permitido chamar oportunistas aos membros da organização de que é funcionário. O que tem Katsouranis a mais do que estes últimos, tirando jogar no Benfica?
Anderson - A teoria positiva
É possível que Aimeé Jacquet, a caminho de ser campeão do Mundo pela França, estivesse apenas a arranjar uma boa desculpa quando, antes de um jogo com Portugal, nos explicou que queria jogar sem Djorkaeff para forçar a equipa a crescer sem o seu melhor jogador, de forma a que este fosse um verdadeiro acrescento quando reentrasse. Provavelmente, era treta, mas os adeptos do FC Porto podem optar por acreditar nela.

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