31/08/07

"Patriotas, parte 2" Crónica d'O Jogo de Jorge Maia

Na mesma semana em que nos deixamos emocionar com os feitos e defeitos dos nossos atletas naturalizados nos Mundiais de Atletismo de Osaka, não resistimos a questionar a legitimidade da chamada de Pepe à Selecção Nacional por parte de Luiz Felipe Scolari. Não consigo encontrar muitas explicações para esta dualidade de critérios entre o atletismo e o futebol, nem acredito que o facto de Nélson Évora ter nascido na Costa do Marfim e Francis Obikwelu na Nigéria façam deles mais ou menos portugueses do que Pepe, nascido no Brasil ou do que o meu primo Zé, nascido em Vila do Conde. Talvez a única explicação para a facilidade com que adoptamos os saltadores ou os sprinters naturalizados e rejeitamos os futebolistas resida simplesmente no facto de não termos amigos com jeito para o triplo salto ou para correr os 100 metros em menos de dez segundos. Em contrapartida, cada um de nós era capaz de, com base nas respectivas preferências clubísticas, apontar pelo menos uma boa meia-dúzia de alternativas a Pepe no eixo da defesa da Selecção Nacional. E todos portugueses a sério, alguns até com um bigode farfalhudo e uma paixão inexplicável por bacalhau e fado, um verdadeiro orgulho para a raça. Já saltadores e sprinters, nada. Não há. E como não há, adoptamos os naturalizados e não temos dúvidas em dizer que são portugueses. E se são portugueses, e se são os melhores naquilo que fazem, é com naturalidade que os vemos representar as nossas cores e nos deixamos emocionar pelos seus sucessos e insucessos. Assim, parece-me que a pergunta que devemos fazer em relação à chamada de Pepe à Selecção é muito simples: se ele fosse português, tinha lugar na Selecção Nacional? E a resposta é igualmente simples: Pepe é português.

Ao ataque
Estamos confiantes de que conseguiremos atingir o nosso primeiro objectivo, que é chegar aos oitavos-de-final.
Vítor Baía, Director de Relações Públicas do FC Porto

Sem comentários: