28/05/12

Vítor Pereira: «Não sou comunicador do nível de Villas-Boas»

Vítor Pereira deu, esta segunda-feira, uma entrevista ao jornal O Jogo. O treinador apresentou-se sincero, reconheceu erros, e explicou qual foi a sua postura perante um plantel que tinha acabado de ganhar tudo.
Não sou um grande orador, sou uma pessoa reservada e gosto de estar sozinho, preservo a minha pacatez e não posso mudar a minha personalidade, não posso representar. O André Villas-Boas tem um discurso diferente, é uma pessoa diferente, até porque tem menos dez anos do que eu. Mas o André tem uma forma de comunicar forte e eu não sou um comunicador do nível dele. Se calhar, deixei-me influenciar e quis ser algo que não sou. Não estava à vontade naquele papel e falhei. Cometi erros de comunicação no início, eu próprio olhava para mim e dizia: "Tu não és assim". Admito que, inicialmente, não respeitei a minha natureza, afirmou o treinador, quando questionado sobre as dificuldades que teve em fazer passar a mensagem.
Já nas conversas com o balneário, o técnico vê mais sucesso: Em relação a discurso forte, para dentro, se não o tivesse nem chegava ao FC Porto. Perguntem aos jogadores que eu liderei. Quando o barco navega em águas calmas qualquer um é líder. O problema é ter liderança em contextos de adversidade. Se eu tivesse sido mais agressivo, tinha durado dois meses no FC Porto, não tinha passado disso. Tive de ser flexível até as peças do puzzle se juntarem.
Vítor Pereira tem perfeita noção das oscilações que a equipa teve durante a época, mas encontra explicações para o mesmo. Basta irmos ao passado para percebermos que esta questão é intrínseca ao ser humano. É naturalíssimo. Depois de grandes conquistas, os jogadores sentem-se valorizados, sentem que é a oportunidade deles. Eu não posso apontar rigorosamente nada em termos de profissionalismo aos meus jogadores, nada. Mas admito que, inconscientemente, perceberam que o mercado funciona e que, depois da saída do Falcao, houve uma certa dispersão. Nós vivemos com isso e lutámos contra esse problema. Procurámos resolvê-lo, acredito que houve momentos em que isso nos afetou, mas acabámos consistentes e, nos jogos em que foi preciso que aparecêssemos, as coisas acalmaram e provámos claramente a nossa competência, confiou.

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