10/03/10

Goleada sofrida e adeus da Liga dos Campeões



Mais do que fazer análises e culpabilizar técnico, jogadores e dirigentes, o FC Porto atravessa infelizmente o fim de um ciclo.
Os últimos jogos são a prova disso mesmo e ontem a dizer a verdade só vi 15 minutos do jogo e desisti de ver o jogo.
Não porque não assumo as derrotas ou por falta de desportivismo mas simplesmente porque gosto de futebol e aquilo não parecia futebol.
Foi triste sim mas há que levantar a cabeça e começar a planear bem o próximo ano e para isso é indispensável conseguir o acesso à Liga dos Campeões... se não conseguirmos é mesmo uma época falhadíssima... ainda tem as tacinhas mas enfim...
Publico com a devida vénia a crónica de João Vieira Pinto no jornal OJogo que concordo inteiramente:

1-Falta experiência a Nuno André Coelho que acabou por ser uma vítima
A titularidade de Nuno André Coelho, a actuar na posição "6", foi a grande surpresa do jogo de ontem e é normal que seja um alvo fácil. Não se pode, no entanto, culpabilizar um só jogador num encontro em que se perde por 5-0. Nuno André Coelho fez o que pôde enquanto esteve em campo, que coincidiu com o pior período do FC Porto. O seu problema é faltar-lhe a experiência necessária para este tipo de jogos. O central adaptado a trinco foi vítima do enorme receio que o FC Porto demonstrou na primeira parte, com sucessivos erros na defesa e em que foi totalmente incapaz de reagir à forte pressão que o Arsenal exerceu na primeira meia hora.

2-FC Porto receou demasiado este jogo
Depois de uma primeira mão em que, além da vitória, o FC Porto jogara de igual para igual com a equipa inglesa, ninguém estaria à espera de uma transfiguração como a de ontem mas na época passada já tinha acontecido algo assim contra este Arsenal. O FC Porto receou demasiado este jogo, entrou muito recuado e demasiado longe da baliza contrária. E, ao não conseguir sair da pressão, estava sempre a sofrer! Das poucas vezes que se libertou, não conseguiu definir o passe, perdendo a bola. Na primeira parte, a única oportunidade foi a bola que Hulk ganhou na direita e depois cruzou para defesa de Almunia, o que é muito pouco.

3-Defender não era a solução
Os últimos resultados não ajudaram em termos de confiança e a equipa do FC Porto está a atravessar um momento muito frágil. Respeitou demasiado o adversário de ontem e não me parece que a melhor solução para uma eliminatória que se está a ganhar por 2-1 seja só defender! Nestes jogos é preciso coragem, personalidade da equipa e isso foram coisas que faltaram ao FC Porto. Tal como quando se ganha, também nas derrotas não vale a pena individualizar, pois a culpa é de todos - dos jogadores ao treinador. Até porque, à excepção de Helton, especialmente na primeira parte, todos estiveram ao mesmo nível. O Arsenal percebeu que o FC Porto entrou receoso e sem soluções ofensivas, ganhando confiança. Além disso, aproveitou bem as alas e o facto de os campeões nacionais terem os sectores muito distanciados, em especial o meio-campo e a defesa.

4-Faltou pressionar os centrais e levá-los a cometer erros
Os jogadores portistas queriam mas sentiam-se impotentes para reagir perante um Arsenal muito forte do meio-campo para a frente mas que tem na defesa - em particular nos centrais - o seu ponto fraco. Só que o FC Porto não conseguiu pressioná-los nem levá-los a cometer erros. Para isso era preciso subir no terreno, o que não sucedeu muito por culpa de Song e Diaby, que controlaram o jogo de princípio a fim e depois libertavam os companheiros da frente, casos de Nasri e Arshavin. Mas é essa fragilidade defensiva que faz com que, na Liga dos Campeões, falte sempre algo ao Arsenal. No caso do Campbell, por exemplo, defrontei-o algumas vezes e senti que é limitado se for pressionado e que em movimentos curtos de desmarcação é permeável. Coisas que o FC Porto não fez…

5-Com Rodríguez a equipa soltou-se
O FC Porto podia ter relançado o jogo caso a oportunidade de Falcao na segunda parte tivesse tido melhor destino em vez de ir à figura de Almunia. E se esta serviu para demonstrar alguma coisa foi que o receio é que impediu o FC Porto de ter feito um resultado melhor. A entrada de Rodríguez permitiu a Álvaro Pereira subir mais pelo corredor. Arriscando, o FC Porto soltou-se mais mas ao mesmo tempo permitiu que o jogo se partisse e que o Arsenal explorasse os flancos, o que fez de forma rápida e marcando golos! Nestes jogos, os erros pagam-se caro e o quarto golo é um bom exemplo - surgiu de um canto a favor do FC Porto e foi uma boa demonstração de um erro de posicionamento da equipa.

6-Jogo decidido pelo grande golo de Nasri depois de Helton ter adiado o mais possível

O momento decisivo foi o 3-0, não só por ter sido um grande golo do Nasri mas sobretudo por ter acabado com o jogo numa altura em que dava a sensação que o FC Porto poderia chegar ao golo e relançar a eliminatória. Depois de chegar ao 2-0, o Arsenal, obviamente, tentou segurar o jogo e fez aquilo que as boas equipas inglesas fazem muito bem: transições rapidíssimas que, sempre que o FC Porto subia um pouco no terreno, deixavam logo três ou quatro jogadores para trás. Além da qualidade técnica dos seus elementos, o Arsenal é uma equipa fria, personalizada e que cria muitas oportunidades de golo. Aliás, podia ter matado o jogo na primeira parte, não fosse Arshavin tão displicente e não estivesse Helton em grande. 

7-Jesualdo será o primeiro a intuir o fim do ciclo
O FC Porto tem feito uma época muito irregular e a irregularidade não dá títulos! Perdeu pontos que normalmente não perderia e os jogos com Olhanense e Sporting demonstram isso mesmo. Na Champions, ante equipas inglesas e o Arsenal em particular, não conseguiu ultrapassar os seus receios e o peso da história. A nível interno, tentará agora chegar ao segundo lugar, o que não está fácil, e vencer a Taça da Liga (seguramente uma prova que quer ganhar!) e a Taça de Portugal. Caso consiga, será pouco mas ainda assim um mal menor. Nesta altura é legítimo questionar se o ciclo de Jesualdo Ferreira estará a terminar. Penso que nem seria preciso este jogo com o Arsenal para se perceber que sim e que o primeiro a perceber isso será o treinador.

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