13/01/08

O Dragão é mesmo uma máquina!

Sem que se percebesse exactamente se corria inspirado pela apresentação do monolugar com que se dispõe a derreter o asfalto europeu, o Dragão acelerou, disparado à primeira curva, que descreveu com inegável perícia e já em vantagem, movido por um intenso, apesar de praticamente inaudível, rugido de um motor poderoso e sabiamente afinado.
Determinada e corajosa, combinando velocidades vertiginosas com travagens fumegantes, a condução destemida denunciaria a intenção de vencer às primeiras voltas, batendo, sucessivamente, o recorde da pista. Ao quinto minuto, ainda motores e pneus não tinham atingido a temperatura ideal, e já Lisandro, uma das mais cintilantes peças de um propulsor perfeito, fazia o golo, no final da recta traçada por Bosingwa, a face mais visível da capacidade de arranque da máquina.
Um manuseamento exemplar de caixa, evidência de uma rigorosa selecção de velocidades, e um percurso sem defeito, com abordagens de génio aos «ésses» mais delicados, revelaram o cérebro da engrenagem alguns quilómetros adiante: Lucho, hábil e sensato, dínamo responsável pelas linhas de maior requinte de um concentrado de elevada potência, servia Raul Meireles para o segundo golo, conseguido com um simples menear de cabeça e um raro sentido de oportunidade.
Porque o F.C. Porto não é só velocidade de ponta, porque um bólide não se conduz à meta sempre de prego a fundo, houve, óbvia e inevitavelmente, um exercício de gestão da vantagem, meticulosamente controlada pelo chefe de escuderia, numa estratégia com três paragens tardias para troca de «pneus» e umas quantas ovações, num género de voltas de consagração.
Antes e depois do aplauso, voltou a haver golos. De um reincidente e de um estreante. No caso, ambos argentinos. Do incontornável Lisandro e de Farías, um acessório mais ou menos recente ajustado com harmonia e sem défice de potência aos últimos instantes da corrida. Quando o Dragão cortou a meta, ainda com combustível de sobra, o adversário já havia acumulado quatro voltas de atraso e o mais directo perseguidor ficava a onze pontos do líder, máquina refinada de aceleração, detentora, entre múltiplos atributos, do melhor ataque, da melhor defesa e do melhor marcador.

Fonte: Site oficial

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