23/01/13

FC Porto: Sem um Pingo de piedade


Há 80 anos, oito golos de Pinga na maior goleada de sempre dos portistas (19-1 ao Coimbrões)
Taça dos Campeões, Taça Intercontinental, Supertaça europeia, Taça UEFA, Liga dos Campeões, Mundial de clubes, Liga Europa. A história internacional do FC Porto faz-se com conquistas, sete ao todo. Por cá, as contas dos títulos não cabem numa só mão, nem em duas. Assim como as goleadas. A maior delas faz hoje 80 anos de vida, um esquisito 19-1 ao Coimbrões, para a 8.a jornada do Regional do Porto.
A 22 de Janeiro de 1933, no Campo da Constituição, o treinador húngaro Joseph Szabo faz o onze para a história: Siska; Avelino e Jerónimo; Sousa, Álvaro e Castro; Lopes Carneiro, Valdemar, Carlos Mesquita, Pinga e Carlos Nunes. É verdade que o FCP domina de fio a pavio o Regional do Porto (4-0 ao Leixões, 6-1 ao Leça, 8-0 ao Progresso, 3-1 ao Coimbrões, 9-0 ao Leixões e 4-0 ao Leça), mas nada faz prever uma chuva de golos como esta. Até porque o resultado ao intervalo é “só” 5-1.
Marcam Pinga (3), Valdemar e Carlos Mesquita, desconta Luís (2-1 aos 21’). Na segunda parte é que são elas. O Porto demora dez minutos a atinar com o alvo mas depois é um ver se te avias. Pinga marca mais cinco (oito no total), Carlos Mesquita mais dois (três) e Valdemar quatro (cinco). Sobram então Castro (12-1), Carlos Nunes (14-1) e Lopes Carneiro (15-1). Entre o minuto 55 e o 86 abre-se a torneira para 14 golos. Incrível, sem dúvida.
Até o árbitro, Araújo Maria Pinto, tem dificuldade em acompanhar o registo dos portistas. “Foi complicado anotar um golo atrás do outro”, desabafa no final da partida. Apurado para a fase final do Regional, o FC Porto sagra-se campeão pela 15.a vez consecutiva!, 18.a da história em 20 torneios (apenas Boavista 13/14 e Salgueiros 17/18 interrompem a hegemonia azul e branca), com vitórias em todos os jogos num total de 83 golos, dos quais 31 de Pinga, o primeiro grande artista madeirense do nosso futebol.
O FCP nunca mais marcaria 19 golos. Também é pedir muito, não é verdade? Em Abril de 1939 dá 12-1 ao Académico do Porto (é a sua maior goleada no campeonato nacional e sem nenhum golo de Pinga entre cinco de Costuras e quatro de Nunes).
Em Maio de 1943 sobe a parada para 15-1 à Sanjoanense (Taça de Portugal), novamente com Pinga metido ao barulho. À sua conta, seis golos, do 11-1 até ao placard final! O avançado-centro Araújo não se deixa ficar atrás e imita-o na quantidade.
Depois de Pinga abandonar o futebol, em 1946, o FC Porto nunca mais é o mesmo. Ou melhor, as goleadas deixam de ter o seu encanto. Sim senhor, é verdade que 9-0 ao Rabat Ajax no arranque da gloriosa campanha da Taça dos Campeões 86/87 é um número invejável, sobretudo porque é em campo neutro (Arcos, Vila do Conde), mas já não é a mesma cena. Nem poderia, certo? Coimbrões 19-1, que festival. No ranking das goleadas nacionais, é o segundo melhor registo de sempre, atrás do 21-0 do Sporting ao Mindelense (1971) e à frente do 17-0 do Belenenses a Vila Franca (1982).

Fonte: Jornal i

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