30/04/07

"Fairy-play" Crónica d'O Jogo de Jorge Maia

Na eterna discussão sobre o que apareceu primeiro, sempre fui partidário do ovo. Nunca me passou pela cabeça que um animal tão genuína e gritantemente estúpido como é a galinha pudesse ter inventado algo tão perfeito como é o ovo. E não é que, todos estes anos depois, confirmei finalmente que foram mesmo os ovos que apareceram primeiro? Tal como os conhecemos, os ovos foram uma invenção dos répteis muito antes de Colombo ter descoberto a América, dos colonos terem desbravado o Oeste e de um velhinho do Kentucky se ter lembrado de fazer fortuna a fritar galinhas que, de resto, só apareceram na dieta humana no século VII A.C., já os dinossauros não punham ovos há muito tempo. Palavra de Wikipédia. Mas o dilema de causalidade que a pergunta encerra - o que nasceu primeiro, o ovo ou a galinha? - serve para ilustrar muitas outras questões de resposta duvidosa. Exemplo? O que é falta de fair-play primeiro? Não colocar a bola fora de campo quando um adversário está no chão ou simular uma lesão para travar um ataque perigoso? Ora, se há algum aspecto do jogo em que o FC Porto pode reclamar um comportamento irrepreensível durante o dérbi com o Boavista, esse aspecto é o fair-play. Os portistas demonstraram um fair-play capaz de envergonhar o mais devoto dos monges franciscanos e de tirar do sério o mais impávido dos adeptos do campeão nacional. Foram, numa palavra simpática, tenrinhos. Aliás, foram tão tenrinhos em todos os aspectos do jogo do Bessa, foram tão tenrinhos a defender e tão tenrinhos a atacar que não admira a facilidade com que o Boavista os mastigou antes de engolir. Os ingleses usam uma palavra para descrever tipos assim tão tenrinhos: chamam-lhes "fairy". Traduzido à letra, dá fada, mas não é bem isso que significa. E, no entanto, foi que o FC Porto mostrou no Bessa: um enorme fairy-play. E os "fairys" só ganham campeonatos de costura.

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