24/01/08

"Perfeição" Crónica d'O Jogo de Jorge Maia

Há poucas coisas mais irritantes do que um bom exemplo. Como aquele puto insuportável lá da escola. Sim, aquele que tirava excelentes notas e que tinha sempre a resposta para as perguntas dos profes na ponta da língua e que ainda por cima era muito bem comportado e que nos assombrou toda a maldita infância passada a perder na comparação com o seu malfadado exemplo. Ufa! Tenho de tomar os comprimidos. Em contrapartida, há poucas coisas tão genuinamente satisfatórias como a descoberta de uma imperfeição num bom exemplo. É essa imperfeição que qualquer mulher procura com uma minúcia de relojoeiro nas fotos das modelos das páginas centrais de qualquer revista masculina e que eu procurei, em vão, durante anos, naquele maldito puto. E é por isso que percebo a excitação e o alívio que tomou conta de uma certa crítica perante as declarações de Quaresma no final do jogo entre o FC Porto e o Aves. Afinal, suspiraram, o FC Porto não é perfeito e isso é um enorme alívio para quem tem de levar com o bom exemplo dos bicampeões nacionais na cabeça todo o santo dia, há mais de 20 anos. É claro que qualquer pessoa com uma perspectiva mais distanciada lhes podia ter diminuído o sofrimento, explicando-lhes que estavam a confundir grandeza com perfeição desde o início, mas percebe-se que à distância as duas coisas se confundam, especialmente quando estão em causa estados avançados de ansiedade. O FC Porto, tal como Quaresma, não é perfeito. Ambos têm é menos imperfeições do que os outros.

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