01/11/07

"Consecutivas e consequências" Crónica d'O Jogo de José Manuel Ribeiro

Nada mais fresco e surpreendente do que um FC Porto consensual. É claro que o FC Porto sempre foi consensual, mas geralmente a maneira de o admitir é menorizando-lhe os êxitos, sublinhando-lhe o orçamento ou ganhando dinheiro com Pinto da Costa, seja em dezenas de primeiras páginas no "Correio da Manhã", "por acaso" o jornal mais vendido do momento, ou em formato de longa-metragem candidata a filme mais visto de sempre. Deve ser um número engraçado o dos portugueses que, de alguma forma, vivem às custas de maldizerem o dia em que Pinto da Costa nasceu.
Oito vitórias consecutivas geram, contudo, um género menos rentável de FC Porto consensual: aquele que ganha por ser melhor. Coisa para durar meia dúzia de segundos, portanto. De acordo com a crónica assinada anteontem por Rui Santos no "Record", a qualidade do trabalho do FC Porto é um fenómeno recente. Explica uns anitos destes "últimos" em que, realmente, teve hegemonia. Estes "últimos" são duas décadas. Houve, é verdade, um hiato de três épocas sem título nacional durante as quais o FC Porto somou mais pontos do que o Sporting, campeão na primeira e na última delas e uma absoluta vergonha na do meio. Mas a leitura de Rui Santos, a quem talvez deva pedir desculpa por sintetizar nele um ponto de vista muito abrangente, é compreensível: não é de esperar que oito jornadas consecutivas esclareçam quem 25 épocas consecutivas não conseguiram esclarecer.
Preocupações: Os golos de Jesualdo
Jesualdo Ferreira pede golos. Tenho a impressão de que é mais uma maneira de repelir o rótulo de treinador defensivo do que uma angústia, mas Jesualdo não se devia preocupar com isso. Nem com os golos, porque tem quatro pontas-de-lança fora do onze, nem com o rótulo, porque está a ganhar.

Sem comentários: