05/10/07

Besiktas-F.C. Porto, 0-1: Um estrondo de silêncio















O inferno turco durou para lá dos 90 minutos, mas, no final, a grande labareda foi azul e branca. É assim o futebol. Fora do campo não se ganha jogos, por mais ensurdecedora que a atmosfera se apresente. Os cânticos guerreiros impressionam, mas não marcam golos. Para isso, é preciso muito mais. É preciso, por exemplo, ter Quaresma, que acreditou até ao fim e vestiu a pele de justiceiro. Mas o sucesso do F.C. Porto englobou muito mais que aquele momento mágico.
Istambul está entalada entre a Europa e a Ásia, por isso é previsível que o vulcão tenha sido escutado nos dois continentes. Esse, de resto, seria o primeiro adversário dos Bicampeões, que entraram num palco em ebulição, num cenário bélico que procurava levar a equipa da casa ao sucesso e atemorizar o visitante. Com gritos, todavia, não se consegue derrubar o Dragão.
A história deste jogo tem de centrar-se naquele instante de pura crença azul e branca. Cech rompeu pela esquerda e cruzou largo, Lucho amorteceu para Quaresma e o extremo, que já tinha espicaçado o mar de chamas com momentos de requinte, rematou para o golo. O silêncio foi estrondoso. E se, de repente, o inferno se calasse para, no segundo seguinte, explodir em tons azuis e brancos?
Quaresma, já se disse, fez justiça. O F.C. Porto foi personalizado, combinou qualidade colectiva com bons desempenhos individuais, criou perigo em investidas repetidas. Especialmente na segunda parte. Nos primeiros 45 minutos predominou o equilíbrio. A equipa de Jesualdo Ferreira, mesmo assim, podia ter inaugurado o marcador, em maquinações que Tarik e Raul Meireles não conseguiram dirigir com pontaria.
Do intervalo, contudo, voltou um Dragão que teve momentos irresistíveis. Tarik, Lucho e Raul triangularam para golo, mas o esquema perdeu-se na fatalidade; Quaresma, após crença fortíssima de Lucho, falhou por pouco; Adriano, a fechar cruzamento de Cech, num lance que envolveu as novas características lançadas à discussão por Jesualdo Ferreira, merecia muito mais.
O Estádio Inonu, apesar das ameaças, não se calava. O seu Besiktas procurava sobreviver, mas não conseguia mais que espicaçar o braseiro. O fogo caseiro estava mortiço, por mais lenha que os adeptos lhe lançassem. Via-se muito F.C. Porto nas proximidades do Bósforo, mas também já não restava muito tempo para explosões. Quaresma achou que ainda chegava perfeitamente a horas. O Dragão ganhou. A sua chama não se mede em decibéis.


FICHA DO JOGO

UEFA Champions League (Grupo A - 2ª jornada)
Estádio Inonu, em Istambul
Árbitro: Pieter Vink (Holanda)
Assistentes: Adriaan Inia e Patrick Gerritsen
4º árbitro: Reinold Wiedemeijer

BESIKTAS: Hakan Arikan; Serdar Kurtulus, Gokhan Zan, Ibrahim Toraman e Ibrahim Uzulmez «cap.»; Edouard Cissé, Serdar Ozkan e Tello; Delgado; Ibrahim Akin e Bobo
Substituições: Bobo por Márcio Nobre (26m), Ibrahim Akin por Higuain (67m) e Serdar Kurtulus por Ali Tandogan (71m)
Não utilizados: Rustu, Mehmet Yozgatli, Diatta e Koray Avci
Treinador: Ertugrul Saglam

F.C. PORTO: Helton; Bosingwa, Stepanov, Bruno Alves e Fucile; Paulo Assunção, Lucho González «cap.» e Raul Meireles; Sektioui, Lisandro Lopez e Quaresma
Substituições: Sektioui por Cech (65m), Lisandro Lopez por Adriano (75m) e Raul Meireles por Leandro Lima (87m)
Não utilizados: Nuno, Pedro Emanuel, Mariano Gonzalez e Bolatti
Treinador: Jesualdo Ferreira

Ao intervalo: 0-0
Marcadores: Quaresma (90m)
Disciplina: Cartão amarelo a Lucho González (45m), Bruno Alves (66m) e Ali Tandogan (87m)
Fonte: Site Oficial

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