30/09/07

6ª JORNADA: PORTO 2 BOAVISTA 0

Dois golos de Lisandro, ou simplesmente «Licha», o terror do bairro argentino de Rafael Obligado, sentenciaram um jogo especialmente farto em indícios da particular inspiração do avançado portista, que carrega consigo decisões e decretos há três jornadas consecutivas. Da quarta à sexta ronda, o sul-americano, que já havia marcado em Leiria, apontou, em regime de exclusividade, cinco dos seis golos que lhe permitem encabeçar a lista de melhores marcadores, contribuindo decisivamente para a liderança isolada dos Dragões.
Ao quarto minuto, quando o encontro passava ainda por um género vigoroso e determinado de fase experimental, e Lisandro errou as redes, com Carlos por terra e sem tempo para se recompor do voo e da queda prescritos pela precisão do livre cobrado por Quaresma, foi fácil perceber que o esboço deveria ser interpretado como um prenúncio. Mas poucos terão entendido o instante, que se esgotou em menos de dois segundos, como um sinal ou aviso absolutamente rigoroso, no desenho e no elenco.
Não foram precisos muito mais de dez minutos para que os mesmos intérpretes se reencontrassem em circunstâncias em tudo semelhantes. Novamente à esquerda, sensivelmente no mesmo local, Quaresma arranjou a bola e bateu o livre. Carlos, outra vez no chão, defendeu, mas não pôde segurar. Lisandro, de pé esquerdo, marcou, confirmando a generalidade dos vestígios «semeados» até então e uma pista em particular.
A partida, com a razoável cumplicidade do campeão, reservou então tempo e espaço à reacção axadrezada, que só ao minuto 42 assumiria a forma de remate à baliza dos Dragões. O recomeço permitiu mais uns quantos ensaios aos visitantes antes do reencontro com a lógica. E, por uma questão de coerência, foi Lisandro quem voltou a marcar, reduzindo a cinza a ténue esperança boavisteira de condicionar a missão e a estratégia portista, que momentos antes voltara a aproximar-se do golo, a cabeceamento de Lucho e num remate cruzado de Bosingwa, na conclusão de uma iluminada diligência individual a merecer melhor sorte e os aplausos do estádio.
Com a vitória assegurada e a expansão das distâncias que o separam de Benfica e Sporting, o líder soltou a genialidade de Quaresma e Leandro Lima, alimentando o espectáculo até ao último sopro da partida, a sexta consecutiva a vencer e a quarta sucessiva com golos de «Licha», o inexcedível argentino que só se autoriza a dar tréguas ao adversário por ordem expressa do árbitro.


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