12/11/06

"Bode" Crónica d'O Jogo de Jorge Maia

A primeira e talvez mais importante missão de qualquer charlatão promovido "shaman" é a meticulosa escolha do proverbial bode expiatório que arque com as suas culpas no que corre mal. Não choveu? Choveu demais? Não há caça? Levamos uma coça? À falta de virgens, sacrifica-se um bode no altar, de preferência à frente de toda a gente, lê-se novas de um futuro promissor nas entranhas e pode voltar-se tranquilamente para o sossego e irresponsabilidade do melhor emprego da tribo. Está tudo no manual de sobrevivência dos charlatães.
Ora, com a redentora excepção da vitória sobre o Azerbaijão, a selecção nacional não ganha desde o jogo dos quartos-de-final do Mundial com a Inglaterra. Pior do que isso, levou recentemente um arraial de facho da Polónia. Uma sucessão de acontecimentos que deixaram a tribo inquieta e abalaram a confiança no grande feiticeiro. Um problema facilmente resolvido, não com um, não com dois, mas com três ou quatro bodes expiatórios prontamente sacrificados no altar da comunicação social. Portugal perde? A culpa é das noitadas dos jogadores que Scolari, sempre tão intransigente na defesa do grupo, não tem problemas em apontar a dedo. Fica-lhe bem. Entretanto, como também é hábito no seleccionador nacional, esta revolução acaba por responder tarde e a más horas à necessidade de renovar a Selecção. A entrada de Tonel, Moutinho, Raul Meireles e Quaresma nas opções seria uma questão de bom-senso para qualquer treinador, mas é apenas uma questão de sobrevivência para Scolari. Aliás, já foi assim durante o Euro'2004 quando até Rui Costa foi sacrificado para lhe salvar o coiro depois da - previsível - derrota inaugural com a Grécia.
Objectivamente
O objectivo primário é ser campeão e, logo a seguir, ganhar os clássicos
Lisandro López, avançado do FC Porto

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