"Assobiando" Crónica d'O Jogo de Alcides Freire

Se fosse verdade que Quaresma pediu desculpa à SAD e ao treinador pelas declarações no final do FC Porto-Aves não lhe perdoaria. Não lhe perdoaria a atitude de pedir desculpa. Porque não precisa. Até porque Quaresma não discutiu com um companheiro de equipa. Queixou-se, apenas, de estar a ser injustiçado pelos adeptos do seu clube. Há quem o faça só porque o café veio em chávena fria. Do que pode ser acusado é de ter exagerado no passado, o exagero que originou a estrondosa ovação que ouviu quando entrou a 30 minutos do final do jogo de sábado. É tudo uma questão de expectativa: de Quaresma espera-se demasiado e demasiado, até para quem apenas observa, é que ele perca a bola três vezes seguidas. No que pensarão os que assobiam? Nas expectativas criadas por apoiarem um clube que há menos de quatro anos foi campeão da Europa e do Mundo (ou venceu a Intercontinental, se é isso que Joseph Blatter prefere). Não aceitam nada que não seja, no mínimo, brilhante. E esquecem que Quaresma foi o único jogador do campeonato português que foi a votos para a melhor equipa da UEFA. Ficou no segundo lugar, atrás do médio-esquerdo do Milan campeão da Europa. Assobiar, garante Quaresma, torna-o decisivo. Uma promessa que deixa os adeptos do Sporting perante um dilema. Assobiam o "miúdo" da formação que se fez jogador no FC Porto - ainda acho que a universidade é mais importante no desenvolvimento do que a escola primária - ou dedicam-lhe o tratamento que deram à traição de Cristiano Ronaldo? Palmas, muitas palmas. Pode ser que Quaresma não seja decisivo como tem sido. Como foi no empate do ano passado no clássico de Alvalade.

Ironia: Póvoas
Pegue-se no assunto com ironia que abunda no caso: Fernando Póvoas entrou no papel de vice-presidente do FC Porto referindo-se à necessidade de clube ter uma nova política de comunicação. Aqui entra a ironia a toda a força: meses depois o médico vê-se envolvido num mal-entendido ao nível da comunicação.