30/07/07

"Opções" Crónica d'O Jogo de Jorge Maia

Peter Ustinov, um conhecido actor britânico, disse uma vez que em certos países, como nos Estados Unidos, por exemplo, a pressão para uniformizar tudo é tão grande que, apesar de haver liberdade de escolha, não há nada para escolher simplesmente porque é tudo igual. Um só tipo de queijo de cem marcas diferentes, o mesmo hamburguer com nomes distintos, o mesmo filme todos os anos com um realizador diferente, a mesma casa, com o mesmo jardim e o mesmo carro estacionado à porta em ruas sucessivas e por aí fora. Ora, neste momento, Jesualdo Ferreira tem liberdade de escolha, mas o objectivo do treinador do FC Porto é ter efectivamente por onde escolher. Para isso, precisa de jogadores com características diferentes para cada posição, jogadores que se complementem em vez de se sobreporem e que multipliquem as soluções em vez de repetirem as respostas. Ora, deverá ser precisamente essa necessidade de escolha a ditar a selecção do plantel e é por isso que a observação localizada e parcial do rendimento demonstrado num ou outro jogo é pouco menos que irrelevante. Os golos que Postiga e Tarik marcaram ao Boavista não são indiferentes para o técnico, mas podem não ter sido o suficiente para lhes garantir um lugar no plantel. Em contrapartida, também não foram os golos ou os passes ou os dribles falhados noutras ocasiões que os aproximaram da porta de saída. Aquilo que eventualmente pode tornar Postiga e Tarik excedentários no plantel do bicampeão nacional, é a existência no grupo de jogadores com as mesmas características, mas melhores. Isso e o facto de, eventualmente, a sua saída poder representar um bom negócio para o clube, como pode ser o caso do ponta-de-lança.
OPÇÕES: Parte II
Na entrevista concedida ao Expresso no último fim-de-semana, Laurentino Dias, Secretário de Estado do Desporto, defendeu-se da acusação de perseguição ao Benfica e a Nuno Assis no caso de doping daquele jogador dos encarnados, revelando que na última temporada foram realizados 11 controlos ao Benfica, 18 ao Sporting e 30, isso mesmo, 30 ao FC Porto. Por outras palavras, Laurentino Dias não se limitou a garantir que ninguém persegue o Benfica, como deu a entender que há quem persiga o FC Porto. Assim, sim. Afinal, se há uns telefonemas que se impõe investigar e outros não, se há depoimentos que se impõe investigar e outros não, porque raios deveria haver alguma preocupação com o equilíbrio nas questões do doping?

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