29/01/08

"Afinal houve outro clássico" Crónica d'O Jogo de Alcides Freire

No país do faz de conta, lugar imaginário em que só existe um canal de televisão, a RTP Memória, vivem-se dias de enorme satisfação. A alegria não advém tanto do que o Sporting fez ao FC Porto, mas mais do que o Sporting deu também ao Benfica: a hipótese de voltar a sonhar, possibilidade que serve às mil maravilhas a quem necessita de esquecer a realidade. É exactamente de sonhos que se trata, sendo que neste caso dos vividos por Sporting e Benfica dá-se a particularidade de serem "sonhos de autor". Ao que parece jogaram-se dois clássicos na noite de domingo: o que deu a cores na Sport TV, dominado por um FC Porto a quem apenas faltou um Lucho de pontaria calibrada; e o que terá sido transmitido em circuito fechado e no qual a sorte foi elevada a modelo de jogo. Lê-se, ouve-se e fica-se com dúvidas de que o primeiro clássico existiu. Nesta realidade paralela habitam as aspirações dos rivais do FC Porto. Não apenas neste campeonato, mas em muitos campeonatos do passado, os suficientes para sustentarem a tese de que alguns andam a enganar a Segunda Circular, fazendo-a acreditar que assiste ao melhor e ao mais bem sucedido futebol de Portugal. Se o País fosse assim tão rural não haveria quem suspeitasse, nem uma alma mal informada que duvidasse que Rui Patrício come argentinos ao pequeno-almoço, que Lucho não jogou nada, que Miguel Veloso guardou o "El Comandante" num bolso ou que Lisandro só por sorte tem 13 golos à 17ª jornada. Só o Sporting não tem sorte. É tudo eficácia. E tudo isto leu-se em jornais.

Serviço público - Antena 1
Ao cuidado do Provedor do Ouvinte da RDP: a duas horas do clássico de domingo a Antena 1 anunciou "para breve" declarações de uma figura típica do FC Porto. Pensei em antigos jogadores, dirigentes e adeptos mais ou menos ferrenhos. Acabei a ouvir mais de um minuto de Fernando, o Emplastro. Há ainda quem lhe chame serviço público?

Sem comentários: