01/07/07

"Questão: central" Crónica d'O Jogo de Alcides Freire

Não há nenhuma razão especial para achar que o FC Porto fez bem em dispensar Ricardo Costa, mas há boas razões para considerar que a separação era a única solução para um relacionamento que nunca ultrapassou a fase do namoro. Lançado por Octávio Machado, foi opção para qualquer trabalho durante a gloriosa época de José Mourinho e solução sempre à mão para todos os treinadores que passaram pelo FC Porto desde Gelsenkirchen. Com Jesualdo, por exemplo, Ricardo foi defesa-esquerdo nos jogos mais difíceis da época passada - em Londres, com o Arsenal e depois com o Chelsea - e central quando faltou Pepe. Porque não acredito no mérito da polivalência, tenho a firme convicção de que um jogador que faz várias posições acaba por não ser bom em nenhuma das funções. Ricardo Costa nunca terá feito de questão de experimentar todos os postos da defesa, mas foi esse voluntarismo que lhe prejudicou a carreira. Nunca teve tempo para se familiarizar com nada e acabou por perder até a vantagem de ter sido um dos melhores centrais da selecções jovens de Portugal. Para Wolfsburgo vai também mais um campeão europeu de 2004. Restam apenas dois, no caso, Pedro Emanuel e Bosingwa. Redobra a importância que Pedro Emanuel terá no plantel na próxima temporada, porque será a "prova ao vivo" de que um jogador no FC Porto corre o risco de ganhar tudo. Por restarem dois haverá quem encontre no "apenas" um exemplo de má gestão. Mas, por haver somente dois é possível também perceber como é complicado uma equipa portuguesa ombrear com as melhores da Europa. Há, de facto, uma maneira de fazer omoletes sem ovos. E sem dinheiro.

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