27/08/07

Intravável!

Desta vez, à segunda, não havia moldura metálica, intervenção divina ou conjugação de ventos e tempestades que pudessem valer a Stojkovic. Nem o olhar, aquele esgar petrificado capaz de desviar remates em Leiria, poderia negar a bola ao seu inevitável destino. O remate de Raul Meireles era intravável. Mais do que imparável, à prova de postes, indiferente a traves. Naquela rota, livre de magnetismos e outros estranhos efeitos de atracção, ninguém poderia atravessar-se. E nenhum golo seria perdido.
A abordagem determinada dos Dragões não reservou tempo nem espaço a preâmbulos. Em muito menos de uma dezena de minutos, a suposta pressão, presumida imagem de marca do Sporting, resumia-se a desligadas corridas de Liedson e Derlei na perseguição da bola que o F.C. Porto soube guardar, ainda que encontrando dificuldades em fazer a entrega nas redes de Stojkovic, frequentemente ameaçadas pela velocidade e uma genuína movimentação colectiva.
Tarik foi origem repetida do sobressalto leonino, tendo estado na génese de dois movimentos que só não resultaram em golo por azar extremo. Talvez um pouco mais do que aquele que acompanhara um desvio de cabeça do marroquino, mas não tanto quando o que envolveu o livre de Quaresma. Na hierarquia de contrariedades e reveses, o remate do extremo português atingiu a proporção de infortúnio, mais ainda por se tratar do quarto remate devolvido pelo ferro da baliza de Stojkovic no espaço de duas semanas.
Os dados, de pouca sorte para os Dragões, estavam lançados, e a direcção para a qual eram projectados foi apenas esporadicamente invertida antes de um remate fulminante de Raul Meireles acrescentar um pouco de precisão e uma ponta de verdade ao jogo. Com toda a equipa adversária atrás da linha da bola, o que não chegou a constituir novidade, Raul fez o golo na sequência de um livre indirecto na área defendida pelo Sporting. Lucho surpreendeu, preferindo o passe para trás, e Meireles descobriu espaço para fazer a bola entrar entre uma literal muralha de onze elementos.
Só em desvantagem o adversário percebeu que poderia e deveria ter dado mais ao jogo. Mas, ainda assim, numa versão já mais elástica, esteve mais perto de sofrer o segundo golo do que conseguir o empate. Mais equipa, mais distante de se subordinar à magia ou inspiração de um só elemento, ao contrário do Sporting, que persistia em revelar sinais de uma profunda dependência do papel predominante de Miguel Veloso numa estratégia pouco ambiciosa, o F.C. Porto soube segurar a vantagem que se esquecera de o acompanhar logo no descanso, à ida para o balneário. E passa a ter apenas a companhia do Marítimo na liderança.

FICHA DE JOGO
Liga 2007/08, 2ª jornada
26 de Agosto de 2007
Estádio do Dragão, no Porto
Assistência: 49.709 espectadores
Árbitro: Pedro Proença (Lisboa)
Assistentes: Tiago Trigo e Ricardo Santos
4º árbitro: Vasco Santos
F.C. PORTO: Helton; Bosingwa, Bruno Alves, Pedro Emanuel «cap» e Fucile; Lucho, Paulo Assunção e Raul Meireles; Tarik, Lisandro e Quaresma
Substituições: Tarik por Hélder Postiga (46m), Raul Meireles por Mariano (67m) e Lisandro por Bolatti (85m)
Não utilizados: Nuno, Stepanov, Cech e Leandro Lima
Treinador: Jesualdo Ferreira
SPORTING: Stojkovic; Abel, Tonel, Polga, Ronny; Miguel Veloso; Izmailov, Romagnoli e João Moutinho «cap»; Derlei e Liedson
Substituições: Izmailov por Vukcevic (62m), Ronny por Pereirinha (76m) e Abel por Djaló (76m)
Não utilizados: Tiago, Marian Had, Farnerud e Gladstone
Treinador: Paulo Bento
Ao intervalo: 0-0
Marcadores: Raul Meireles (53m)
Disciplina: cartão amarelo a Quaresma (34m), Derlei (52m), Tonel (53m), Polga (72m), Bosingwa (87m) e Helton (90m)

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