16/07/07

"Exemplos" Crónica d'O Jogo de Jorge Maia

Alguém me disse há muito tempo que a necessidade de dar bons exemplos às crianças tira a piada toda à meia-idade. Talvez seja por isso que tanta gente de meia-idade desiste da tentativa de dar bons exemplos. Vem isto a propósito do comportamento dos jogadores da selecção nacional de sub-20 no Mundial do Canadá. Afinal, se tivessem tido bons exemplos ao longo das suas curtas vidas desportivas, talvez os miúdos não se tivessem comportado tão mal como fazem todos os adeptos do futebol português, a maior parte dos dirigentes e até alguns treinadores. A começar pelo treinador da selecção nacional de sub-20 e da selecção nacional de sub-21, que algumas semanas antes, durante o Europeu do escalão na Holanda, foi expulso do banco e passou o resto da prova à trauliteirada aos adversários e aos árbitros - ainda que em sentido figurado, sublinhe-se - responsabilizando-os por quase tudo o que correu mal a Portugal na prova, e não foi pouco. Ora, com exemplos destes, e outros semelhantes e quase completamente transversais a todo o universo do futebol português, o que se pode exigir a um miúdo de 19 anos quando confrontrado com uma eliminação prematura, em virtude de uma derrota decepcionante, na sequência de uma exibição enfadonha, frente a um adversário frustrante? Que desate à trauliteirada aos adversários e aos árbitros, naturalmente, e que, naturalmente, por ter 19 anos e ser emocionalmente imaturo, o faça de forma literal e não tenha o bom-senso de o fazer apenas em sentido figurado. Isto tudo para dizer que os nossos sub-20, com todos os seus defeitos, são apenas o nosso reflexo e o de quem os lidera, mas com uma enorme vantagem: são novos e ainda estão muito a tempo de mudar.
Pois é
É fácil jogar com jogadores da qualidade do Quaresma.
Lino, jogador do FC Porto

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