25/06/07

"O ataque dos arranha-céus" Crónica d'O Jogo de José Manuel Ribeiro

Embora me arrepie com a caça que todas as épocas fazemos ao campeão do defeso, pelo menos enquanto não nos guiarmos por dados mensuráveis – os jogadores que melhor se bronzearem, por exemplo -, desta vez também me concedo uma certeza absoluta a respeito do próximo campeonato: vai ser comprido. Comprido não no sentido da duração psicológica, apesar dos momentos que há-de haver em que toda a gente andará farta do ponto a que chegam remoques como os de anteontem entre Pinto da Costa e Vieira, mas comprido do género que se mede com uma régua. E até avanço uma medida: um metro e noventa. Cardozo e Kazmierczak partilham essa casa, para além da última letra do abecedário, e há Bolatti, cujas reputadas qualidades de cabeceador sugerem compensar o centímetro que falta. Metido Luisão ao barulho, na presunção de que toda a gente concorda que ele sozinho tem dado o monopólio do tamanho ao Benfica, dispomos do necessário para um novo jogo de tabuleiro. O ataque dos arranha-céus. Desde os tempos dos italianos Del Neri e Trapattoni, seguidos dos holandeses Adriaanse e Koeman, que não é seguro pôr as mãos no fogo nessa matéria, mas pode nem ser de propósito. Calharam de seguir na mesma direcção: para cima. Não sendo um futebol a que estejamos habituados, quando apareceu por aqui funcionou sempre e o último exemplo foi o de Jardel no Sporting, coincidentemente o único dos três grandes que ainda se resigna a ficar perto do chão. Opção que, soando a desvantagem, terá pelo menos a virtude de obrigar FC Porto e Benfica a fechar as pernas.
Estatura - A deficiência óbvia
No FC Porto, palavras de Jesualdo, a altura dos reforços tem a ver com o complexo ganho na Liga dos Campeões, onde é indiscutível que, se não o tamanho, pelo menos o peso fez falta nas duas últimas épocas. Terá os seus custos, as escolhas podem ser debatidas, mas não há por onde atacar a opção: se havia deficiência diagnosticável a olho nu no FC Porto, era essa.

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