09/11/15

Aboubakar e Layún fizeram cumprir a tradição


A baliza do Vitória de Setúbal​ chegou a parecer protegida por uma mão divina, tal a quantidade de oportunidades que os Dragões desperdiçaram, mas, com golos de Aboubakar (70 minutos) e Layún (84), o FC Porto venceu os sadinos por 2-0 e manteve-se assim no segundo lugar da Liga NOS (21 pontos), na perseguição ao líder Sporting. Cumpriu-se assim a tradição, já que este foi o 26.º encontro consecutivo com os setubalenses que os portistas venceram e o 67.º triunfo em 79 encontros na casa azul e branca, para a Liga. Para além disso, o FC Porto já vai em 1475 minutos (16 jogos completos) sem sofrer golos em casa para o campeonato e leva 19 partidas consecutivas sem perder em todas as competições, num registo que já vem da época passada.
Os Dragões recebiam uma equipa que não podia ser desvalorizada numa análise minimamente rigorosa: o Vitória de Setúbal chegou ao Dragão no oitavo lugar da Liga (14 pontos) e com possibilidade de chegar ao quinto, com apenas uma derrota e tantos golos marcados como os Dragões (16), nove deles fora de casa (só Sporting e Rio Ave fazem melhor). Para além disso, registam mais vitórias fora (duas) do que em casa (uma) e estavam há três jogos sem sofrer golos. Por isso, Julen Lopetegui promoveu apenas uma alteração no onze face à vitória em Israel, frente ao Maccabi Telavive: André André cedeu o lugar ao recuperado Brahimi, tornando, no papel, a equipa mais ofensiva. E atacar foi aquilo que os portistas mais fizeram durante os 90 minutos.
Os setubalenses apresentaram-se no Dragão em 4-4-2 e com uma nítida intenção de pressionar o adversário em zonas altas e de jogar em todo o campo. Porém, as intenções apenas surtiram efeito nos primeiros 15 minutos. Depois, registou-se uma verdadeira avalanche de futebol ofensivo dos azuis e brancos, que circularam quase sempre bem a bola, procuraram os flancos e as zonas interiores e remataram de várias posições, sem nunca conseguir bater Raeder no primeiro tempo. Foram nove oportunidades claras de golo durante os primeiros 45 minutos, em que o FC Porto teve 72 por cento de posse de bola e rematou por 11 vezes, contra duas do adversário. Aboubakar acertou na barra logo aos seis minutos - depois de em Israel ter acertado por duas vezes nos postes -, mas a primeira parte terminou com um verdadeiro tiro ao boneco dos Dragões e o guarda-redes Raeder a deter espectacularmente um remate de fora da área de Layún.
Os portistas eram muitíssimo superiores, mas parecia faltar um qualquer pozinho para chegar ao golo. No recomeço, André André surgiu no lugar de Rúben Neves, certamente não porque o capitão (que tinha visto amarelo) estivesse a jogar mal, mas para dar mais poder de fogo e criatividade ao meio-campo, em que Danilo ficava agora sozinho nas missões mais defensivas. O sentido do jogo manteve-se inalterado, com o FC Porto a exercer uma enorme pressão sobre os forasteiros, que sentiam muitas dificuldade em sair do último terço do campo. Aos 59 minutos, Osvaldo substituiu Evandro e reforçou o ataque azul e branco - a partir deste momento, as linhas azuis e brancas subiram ainda mais, com a defesa a jogar junto à linha de meio-campo e o Vitória de Setúbal a recuar, deixando um enorme espaço entre a linha média (que se juntou à defesa) e o ataque.
O golo portista parecia tão lógico que se percebia bem a inquietação da equipa e do público por ele não surgir. Mas os Dragões nunca perderam a identidade nem cederam à tentação de despejar bolas para a área contrária. E, aos 70 minutos, após uma mais uma troca de bola à procura de espaço na área contrária, Layún lá descobriu Aboubakar no centro da área e o camaronês apontou o seu quinto golo na Liga e oitavo na temporada, quebrando assim a malapata que o vinha impedindo de traduzir em golos as boas exibições. Layún, indiscutível MVP do encontro, ainda fez o 2-0, aos 84, com um belo remate após cruzamento de Maxi. Foi o segundo encontro consecutivo em que o mexicano fez o gosto ao pé.

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