04/04/08

"Modernidade de Jesualdo" Crónica d'O Jogo de Hugo Sousa

Poderá um treinador moderno ser apenas a soma de resultados? Tenho dúvidas. Por outro lado, não duvido de que um treinador estará sempre na moda se os conseguir. Parece uma contradição, mas é bem capaz de resumir estes quase dois anos de Jesualdo no FC Porto: os resultados arrumam a questão da competência, mas, volta e meia, não impedem que se desenterre a da empatia. Afinal, conquistou ou não a simpatia dos adeptos? Parece sensato dizer-se que vai conquistando aos poucos, ao jeito de um corredor de fundo que elege a frieza como arma principal. Ser glacial é uma forma de estar, tão legítima como qualquer outra. Terá sido, aliás, uma boa maneira de serenar os efeitos do furacão Adriaanse.
Mas, apesar de mais esbatidas, as resistências que o próprio Jesualdo admitiu ontem ter sentido - porque era português, porque tinha treinado o Benfica, porque nunca tinha ganho nada, enfim, porque sim… - podem ter aparecido encadeadas pela incapacidade de se explicar aquele "não sei o quê" que parece sempre faltar-lhe. Não faltando títulos, sobra a parte da personalidade reservada como hipótese a considerar. Ou muito me engano ou, ao dizer que o tri não lhe chega, como disse ontem, Jesualdo começa a perceber a importância da comunicação, sobretudo quando parece espontânea, na modernidade de um treinador.

Mais vale só...
Um treinador depende dos resultados e é um homem só.
Jesualdo Ferreira, treinador do FC Porto, ontem

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