12/08/07

Um pontapé na lógica

Diz-se, sabe-se lá bem por quê, que o imprevisto é uma das principais razões do encanto do futebol, numa promoção disparatada do fortuito à condição de essência, que, não sendo nem sal nem pimenta, será uma espécie de colorau, estragão ou gengibre de desfechos arbitrários. Mas o acaso, no «Magalhães Pessoa» como no mais recôndito canto do globo, é condimento supérfluo para apreciadores da lógica e da coerência. Na Supertaça, o remate de Izmailov, sem desprimor para a execução, não fez mais do que acentuar o travo a injustiça, entretanto assegurado por um lume brando de equívocos de arbitragem e uma bizarra implicância portista com os postes de Leiria.

Vamos por partes. Depressa, em pouco mais de cinco minutos, o F.C. Porto introduziu rota e destino para um encontro em que revelaria sinais frequentes de querer comandar. E fê-lo ao longo de quase todo o trajecto. A baliza de Stojkovic era a direcção e o poste seria, por três vezes, escala imprevista. Em dois minutos, Quaresma acertou na estrutura metálica que demarcou as redes sportinguistas. Primeiro à direita e depois à esquerda do guarda-redes sérvio, que na segunda situação se limitou a escutar o som que lhe garantia o alívio, precocemente insinuado pelo assinalar de fora-de-jogo a Adriano, que teve idêntica participação no lance à do próprio Stojkovic; absolutamente nenhuma.

Intérprete de mais e melhores momentos, o Dragão batalhou contra o destino, o seu principal opositor, movido pela lógica que nenhum treinador ou entendido ousará negar: jogando melhor, os Dragões tinham maiores probabilidades de ganhar. O adversário ainda mal festejara o golo que o colocara em vantagem e o som que se tornara tão familiar do guarda-redes do Sporting voltava a ecoar. Agora com mais violência e maior estridência. O empate, que recuperaria a lógica do jogo, saíra do pé esquerdo de Karmierczak, na sequência do mais belo lance do encontro, e Stojkovic já havia sido novamente reduzido à condição de espectador, quando… o golo bateu no poste.

No jogo, não fora a primeira nem a segunda vez e, somadas as quatro da época passada, o F.C. Porto deixava Leiria, onde havia perdido na caminhada para o bicampeonato, com sete remates devolvidos pelos postes do Estádio Magalhães Pessoa. Poderá, eventualmente, não ser insólito, mas foi novamente injusto e tão imerecido quanto os sinais transmitidos por uma arbitragem pouco criteriosa, que ao segundo minuto já exibia o cartão amarelo a Paulo Assunção para, mais adiante, o manter guardado em situações semelhantes ou até diferentes, como no lance em que Tonel interceptou a bola com o braço em plena grande-área defendida pelo Sporting. Faltou o amarelo e o penalty, numa altura em que persistia a igualdade sem golos. E 0-0 era ainda o resultado quando Adriano se esgueirava para a baliza e o encontro foi interrompido para que pudesse ser prestada assistência a um jogador do Sporting.

FICHA DE JOGO

Jogo no Estádio dr. Magalhães Pessoa, em Leiria
Supertaça Cândido de Oliveira
11 de Agosto de 2007
Assistência: 21.863 espectadores

Árbitro: Bruno Paixão (Setúbal)
Assistentes: António Godinho e Paulo Ramos
4º árbitro: Marco Ferreira

F.C. PORTO: Helton; Bosingwa, Bruno Alves, Pedro Emanuel «cap.» e Fucile; Raul Meireles, Paulo Assunção e Cech; Lisandro, Adriano e Quaresma
Substituições: Cech por Kazmierczak (75m); Raul Meireles por Mariano (78m) e Paulo Assunção por Leandro Lima (83m)
Não utilizados: Nuno, João Paulo, Tarik e Bolatti
Treinador: Jesualdo Ferreira

SPORTING: Stojkovic; Abel, Tonel, Poga e Pedro Silva; Miguel Veloso; Izmailov, Romagnoli e João Moutinho «cap.»; Derlei e Liedson
Substituições: Pedro Silva por Ronny (11m); Romagnoli por Gladstone (86m) e Derlei por Yannick Djaló (87m)
Não utilizados: Tiago, Adrien, Simon e Farnerud
Treinador: Paulo Bento

Ao intervalo: 0-0
Marcador: Izmailov (76m)
Disciplina: cartão amarelo a Paulo Assunção (2m), Pedro Emanuel (10m), Abel (17m), Polga (59m), Mariano (85m), Derlei (87m) e Liedson (90m)


Fonte: Site Oficial

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